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Nível de escolaridade superior tem alta entre caminhoneiros na BR-163

A taxa de caminhoneiros com formação superior que percorrem a BR-163 subiu de 2% para 5% no último ano, conforme levantamento da Rota do Oeste. A busca por qualificação profissional e melhoria das condições de trabalho aliada à modernização dos veículos são alguns dos fatores que têm levado os motoristas ao estudo. Na semana em que o Dia do Caminhoneiro (30.06) é celebrado, os dados demonstram uma mudança no comportamento dos condutores de rodovias.

Segundo o levantamento da Rota do Oeste, em 2016, o número de motoristas com ensino superior era de 2%. Em 2017, esta taxa foi para 5%, chegando a 5,3% este ano. Os dados foram coletados durante o projeto “Parada Legal”, realizado pela empresa em cidades mato-grossenses ao longo dos 850,9km da BR-163 sob concessão.

Trabalhando como caminhoneira há três anos, Lúcia Andréa da Cruz concilia a vida na estrada com o quarto semestre do curso de Serviço Social, além de exercer a função de conselheira tutelar em Nobres (MT). Ela conta que começou a faculdade à distância para ter uma segunda opção de trabalho. 

“É sempre bom ter um curso superior e mesmo sendo difícil, quando você quer, arruma tempo. Eu tenho gostado do trabalho como caminhoneira, mas sei que se acontecer alguma coisa, posso atuar em outra área, por exemplo”, acrescenta Lúcia.

Para o vice-presidente do Sindicato dos Motoristas Profissionais e Trabalhadores de Mato Grosso, Olmir Justino Fêo, o aumento no nível de escolaridade de caminhoneiros é algo que deve ser ainda mais estimulado. Segundo ele, com profissionais bem qualificados, as chances no mercado de trabalho tendem a ser melhores para os motoristas.

“Hoje em dia para um motorista dirigir um caminhão, não basta mais só pegar o volante. Tem que saber mexer com GPS, computador de bordo, comandos e aparelhos que necessitam de um mínimo de leitura. A partir daí, para ele se interessar por alguma área da mecânica ou engenharia é fácil. Muitos acabam pegando gosto pelo estudo”, afirma.

O “gosto pelo estudo” é confirmado pelo levantamento da Rota do Oeste. Enquanto a taxa de escolaridade fundamental manteve-se entre 52% e 53% no último ano, o nível de motoristas com ensino médio saiu dos 42% para 34,5%, acompanhando o crescimento da escolaridade superior.

A diretora da empresa de recrutamento e seleção RH Brasil em Mato Grosso, Viviene Scarazzati, diz que dois cenários podem ser levados em consideração na questão da escolaridade de caminhoneiros. A primeira são os profissionais com formação superior que acabam entrando no setor operacional e a segunda, são os motoristas que buscam melhor capacitação.

“Tem sido cada vez mais difícil selecionar profissionais capacitados, seja qual for a área. Porém, ao mesmo tempo, o acesso à educação superior, com faculdades à distância, cursos técnicos, etc, também têm facilitado a vida daqueles que querem uma formação. Quem tem interesse e boa vontade consegue uma colocação melhor na área ou até um emprego em outro setor”, disse.

Nacional – No último levantamento divulgado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) sobre o assunto, a pesquisa “Perfil dos caminhoneiros”, a taxa de escolaridade superior dos motoristas era de 1,2%. A maior incidência foi de caminhoneiros com o ensino médio completo (31,3%), seguido do ensino fundamental incompleto (20,5%) e completo (18,5%). A menor taxa foi de motoristas com pós-graduação completa (0,2%).

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